A ameaça de demissão em massa feita pelos médicos de Caruaru, no Agreste do Estado, fui cumprida. Nessa quinta-feira (24), o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe) entregou a carta de exoneração contendo a assinatura de 88 profissionais. O documento foi reconhecido em cartório antes de ser entregue à secretária de Saúde de Caruaru, Cristina Sette. A expectativa é que pelo menos mais 30 médicos peçam exoneração, até a semana que vem.
A carta com as assinaturas foi entregue ontem pela manhã, antes mesmo da assembleia da categoria, realizada à noite na Sociedade de Medicina de Caruaru. O fato causou estranheza em Cristina Sette. “Esperávamos receber o pedido de demissão amanhã (hoje), já que a assembleia da categoria seria realizada na noite de quinta-feira. Não sabemos o que pode ter motivado o sindicato a antecipar os pedidos. Ou a entidade acredita que não precisa da opinião coletiva dos médicos ou teme um resultado contrário às suas expectativas”, afirmou.
Mesmo tendo sido pega “de surpresa”, Sette explicou que medidas emergenciais já foram tomadas. “Já providenciamos ações para que a população não saia prejudicada. Haverá atendimento”, garantiu.
Ainda de acordo com Sette, vários médicos que assinaram a carta de demissão se mostraram arrependidos da decisão. “Mais de 20 profissionais me ligaram dizendo não estar de acordo com o conteúdo da carta. Disseram ter assinado porque queriam pressionar o governo municipal, mas não tinham a intenção de sair. Falei para eles que podem voltar atrás, desde que elaborem nova carta e reconheçam em cartório”, disse ela, no que foi prontamente rebatida por Marcos Bezerra, diretor do Simepe. “Ela tem que provar isso. Nós provamos que os médicos estão de acordo em pedir demissão, pois assinaram um documento que depois foi reconhecido em cartório”, disse ele.
Em agosto, o Simepe já havia entregado pedido de demissão coletiva de 102 médicos. O prazo de 30 dias de aviso prévio acaba no início da semana que vem. A principal reivindicação dos médicos é a equiparação do salário-base com o pago pelo governo do Estado: R$ 3.060. Os médicos querem R$ 8 mil para quem atua no Programa de Saúde da Família (PSF) e gratificação especial para os vinculados ao Samu. Além disso, pedem Plano de Cargos e Carreira e concurso público. A prefeitura oferece R$ 2.200 como salário-base, R$ 3.700 para plantonistas, R$ 3.850 aos profissionais do Samu e R$ 6 mil para médicos do PSF.
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