RIO - Três policiais civis foram presos, nesta segunda-feira, em uma operação realizada pela Polícia Civil para prender integrantes de uma quadrilha especializada em clonar cartões em caixas eletrônicos. Um dos policiais detidos, Jorge Luiz Dias da Silva, é candidato a deputado estadual pelo PCdoB. Registrado no TSE como Jorginho Dias, ele não ficou preso, pois, segundo a legislação eleitoral, um candidato não pode ser preso até 15 dias antes das eleições. O policial, lotado na 73ª DP (Neves), está concorrendo às eleiçõs graças a uma liminar, uma vez que sua documentação enfrentou problemas. No site do TSE, sua candidatura aparece como apto, mas com a ressalva "indeferido com recurso". Nas certidões criminais que o candidato entregou à Justiça Eleitoral para candidatura, consta que ele já respondeu a inquérito por roubo.
Os outros policiais detidos na Operação Traidor são: Marcos Gomes da Silva, lotado na Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA), e Ricardo Perrota de Carvalho, da Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), de Belford Roxo.
A operação com agentes da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) e da Corregedoria Interna da Polícia visa a cumprir 15 mandados de prisão. Ao todo, seis pessoas foram presas.
Segundo a polícia, os criminosos instalavam microcâmeras nos caixas eletrônicos para filmar as operações dos clientes e obter senhas. Eles faturavam R$ 100 mil por dia. Durante as investigações, que duraram um ano e meio, os agentes descobriram que havia três policiais civis envolvidos no esquema. Além dos 15 mandados de prisão, a Justiça expediu 19 de busca e apreensão. A polícia não conseguiu prender o chefe da quadrilha, Clóvis Lima de Oliveira, porque ele não estava em casa no momento da operação.
Policiais eram informantes de traficantes
As investigações da Corregedoria de Polícia Civil que resultaram na Operação Traidor apontam que os policiais que participavam da quadrilha também atuavam como informantes de traficantes do Complexo do Alemão. Durante escutas realizadas com autorização da Justiça, os inspetores foram flagrados passando dados sobre operações aos bandidos. Numa das gravações, um policial chega a se referir à mulher do chefe do tráfico local como "patroa". Também de acordo com as investigações, ela teria até saído da comunidade durante uma operação da polícia no Alemão dentro de um carro da Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA).
Polícia faz buscas em uma casa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Foto: André Teixeira - O Globo
Durante entrevista coletiva no início da tarde desta segunda-feira, o chefe de Polícia Civil, Alan Turnowski, disse estar revoltado com a postura dos policiais, a quem classificou como "pior do que bandidos". Segundo ele, operações cujas informações vazaram através dos inspetores resultaram em três mortos e 12 feridos no Alemão, no ano passado.
Os criminosos presos nesta segunda moravam na Baixada Fluminense; em Olaria, na Zona Norte do Rio; em Niterói, em Itaboraí e em Maricá. Os presos foram levados para Corregedoria Interna de Polícia na Gamboa, Zona Norte da cidade.
Durante a ação, a polícia fez buscas em uma casa na Rua 21, no bairro de Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, onde seriam fabricados cartões de crédito clonados. A ação conta com o apoio de policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core) e de delegacias especializadas.
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