sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Kombeiros mataram jovens e depois foram a festa, diz promotor ao júri

ATUALIZADO ÀS 12H25

Exibindo a foto do cartaz que mostra que o evento foi realizado no dia 3 de maio, mesma data do assassinato de Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, o promotor Salomão Abso Aziz afirmou que os irmãos kombeiros Marcelo e Valfrido Lira mataram as adolescente e depois foram à festa, realizada no município de Altinho, no Agreste de Pernambuco.

Essa foi a tese apresentada pelo promotor na abertura dos debates no fim da manhã nesta sexta-feira (3), quinto dia do julgamento do Caso Serrambi, no Fórum de Ipojuca, litoral Sul de Pernambuco.

Nessa quinta à noite, os irmãos haviam dito no julgamento que a festa havia acontecido no dia 26 de abril, uma semana antes do crime.

O promotor fez uma leitura do depoimento de Regivânia Maria da Silva, considerada testemunha-chave contra os kombeiros, em que ela contou que o ex-promotor Miguel Sales apareceu na casa dela. De bermuda e mostrando a foto de Marcelo e Valfrido Lira, Regivânia contou que Sales disse que eles estavam sendo presos por culpa dela e lhe questinou: "O GOE (Grupo de Operações Especiais) está lhe pagando quanto para incriminá-los?"

"Que interesse tem um promotor de ir à casa de uma testemunha? Se não acreditava na culpa dos kombeiros, deveria ter arquivado o processo e solicitado que outra pessoa desse continuidade às investigações. Em nenhum momento, poderia se envolver nesse nível", afirmou o promotor.

Antes de apresentar a foto do cartaz da festa e citar Regivânia, Abdo Aziz começou os debates se dirigindo aos familiares das vítimas. "O Ministério Público vai fazer tudo o que está ao seu alcance para que a justiça seja feita. Confiem na justiça".

A declaração do promotor emocionou os familiares. O pai de Tarsila Gusmão, José Vieira, chorou - ele, ontem à noite, à saída do Fórum do Ipojuca, foi taxado por familiares e amigos dos kombeiros de "Assassino".

Dirigindo-se aos jurados, além de mostrar a foto do cartaz e ler o depoimento de Regivânia, Aziz fez uma cronologia do caso.

Tocando na comoção popular ao fato da classe social das vítimas, mais alta do que a dos kombeiros, afirmou: "O show não deveria continuar. Se o rico erra, tem que ser punido. Mas, se aqueles que têm condições sociais inferiores também errarem, também devem ser punidos", afirmou,

Finalizando sua fala, Abdo Aziz afirmou ao júri: "Vocês não devem deixar este bárbaro assassinato em branco. Digam 'Sim' à condenação de Marcelo e Valfrido".

Após a fala de Abdo Aziz, deve se pronunciar o promotor Ricardo Lapenda.

O julgamento está previsto para terminar nesta sexta à noite ou na madrugada do sábado (4).

O CASO - Maria Eduarda Dourado e Tarsila Gusmão, jovens da classe média do Recife, desapareceram no dia 3 de maio de 2003, após um passeio de lancha na Praia de Serrambi, Litoral Sul de Pernambuco. O corpo das adolescentes, que tinham 16 anos na época, foi localizado num canavial no distrito de Camela, em Ipojuca, dez dias depois.

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