Os petistas só devem conhecer nesta segunda-feira (22) os novos dirigentes do partido que serão responsáveis pelas articulações da legenda para as eleições de 2010, a primeira sem a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos últimos 20 anos. O PED (Processo de Eleição Direta) do PT realizado neste domingo é considerado o maior processo de eleição de um partido no país. A expectativa era de que 200 mil filiados fossem às urnas.
Como a votação é manual, a apuração das cédulas deve ser finalizada na terça-feira. No final da noite de hoje, uma parcial deve ser divulgada. O favorito na disputa é o ex-senador e ex-presidente da Petrobras José Eduardo Dutra. Ele tem o apoio dos principais líderes do partido, como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e conseguiu unir três correntes do partido: Novos Rumos, PT de Lutas e Massas e Construindo um novo Brasil. Dutra defende a aliança do partido com o PMDB, mas não descarta antigos aliados, como o PC do B e o PSB.
Se houver segundo turno, Dutra deve disputar o comando do PT com o atual secretário-geral, o deputado José Eduardo Cardozo (SP), que conta com o apoio do ministro Tarso Genro (Justiça). Também estão na corrida interna: Iriny Lopes (Chapa Esquerda Socialista), Markus Sokol (Chapa Terra, Trabalho e Soberania), Geraldo Magela (Chapa Movimento: Partido para Todos) e Serge Goulart (Chapa Virar à Esquerda, Reatar com o Socialismo).
A nova direção deve tomar posse em fevereiro, durante o 4º Congresso do partido, em Brasília, quando deve ser confirmada oficialmente a candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) à sucessão presidencial. Ao longo do dia, os líderes do partido marcaram presença em todo o país na escolha do futuro comando do PT. A maior movimentação foi na sede do Diretório Nacional em Brasília. Pela manhã, o presidente Lula votou acompanhado da primeira-dama Marisa Letícia, da ministra Dilma, de seu chefe de gabinete Gilberto Carvalho e do presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini.
Descontraído, Lula aproveitou para mandar recados aos correligionários e aos possíveis aliados do PT para 2010. Recomendou prioridade para o projeto de fazer seu sucessor e defendeu que se houver divergência, não seja um obstáculo para a campanha majoritária. "Eu não tenho mais ilusão quando se trata de disputas locais, por mais que a gente oriente as pessoas de que deve prevalecer é o projeto nacional, normalmente, o que tem acontecido é que cada um olha para o seu umbigo e prevalece as questões dos Estados. O que é importante é que se houver divergências dentro da base aliada nos Estados, isso não seja impeditivo para a ministra Dilma', disse Lula.
Dilma também falou das dificuldades em se conciliar os problemas nacionais com os regionais, mas usou um tom conciliador. "Eu sempre acho que não pode ser fundamentalista. Tem essa ótica nacional que ela sobrepõe necessariamente, mas há de se levar em conta as realidades locais porque os interesses locais são legítimos', disse. A ministra ainda recorreu a um discurso amigável para falar de um possível retorno de petistas à direção do partido que são réus do processo do mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal). Para Dilma, é natural que eles exerçam seus direitos políticos porque ainda não foram condenados.
"Olha, eu acho que o PT está procedendo de forma correta. Você não pode adotar uma prática que ocorreu muito no Brasil ao longo dos últimos anos que era, ao contrario da conquista democrática do ocidente que havia que provar que uma pessoa era culpada e não a pessoa provar que era inocente. Até agora, nós não temos nenhuma dessas pessoas julgadas ou condenadas em definitivo, então, acho normal que elas exerçam seus direitos políticos. Ninguém pode se cassado a priori', disse.
Segundo reportagem da Folha publicada ontem, os favoritos, Dutra e Cardozo, afirmam que, se eleitos, não colocarão obstáculo à volta de petistas que são réus no mensalão, com o ex-ministro José Dirceu e os deputados federais José Genoino e João Paulo Cunha. Na avaliação do presidente, o PT que foi às urnas nesse domingo aprendeu com os erros. "O PT está hoje muito maior, muito mais consolidado, mais calejado, muito mais senhor da situação. Não existe na história da humanidade, na história política do mundo, um partido que estando no poder não tenha cometido erros. Isso aconteceu no mundo inteiro e aconteceu no PT. O que nós precisamos é ter clareza que os erros cometidos devem servir de ensinamentos para que a gente não erre outra vez.
Da Folha Online
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