quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Família de sargento pernambucano respira aliviada: "ele está bem"

Enfim, a família do sargento pernambucano Rodrigo de Queiroz Vasconcelos, 27 anos, que integra a missão brasileira no Haiti, pode respirar aliviada. Depois de muitos desencontros de informações, no início da tarde desta quinta-feira (14), os parentes de Rodrigo souberam que ele está bem. A notícia foi dada diretamente por um coronel do 28º Batalhão de Infantaria, de Campinas (SP), onde ele trabalha. "O tenente responsável pelo pelotão do meu filho no Haiti ligou para Campinas e pediu que avisassem às famílias de que todos estavam bem. Alguns tiveram ferimentes leves, mas já estão todos trabalhando no resgate e ajuda às vítimas do terremoto", conta a mãe do sargento Merenice de Queiroz Vasconcelos.

A informação tranquilizou a família que estava aflita sem notícias. "Agora estou bem mais calma. Mais pedi que trouxessem o meu filho de volta logo e que, assim que pudessem, facilitassem para que ele ligasse para casa. Eu preciso ouvir a voz dele", frisa. Para o pai do militar, Luiz Fernando Queiroz, é hora de comemorar. "Saber que ele não está ferido traz uma paz ao coração. Eu poderia até abrir e tomar um champagne", diz. A espera por notícias começou na terça-feira (12), quando um terremoto atingiu o Haiti, na América Central. A família ainda entrou em contato com o Itamaraty, mas não houve resposta.

Nessa quarta, o Ministério da Defesa assumiu que está tendo dificuldade de se comunicar com a base brasileira no Haiti. Os telefones que funcionam estão sendo usados para contatos emergências, sobre mortos, feridos e ajuda à população. A dificuldade de comunicação com a base em Porto Príncipe se reflete no desencontro de informações também no Brasil. Por alguns minutos, a família do sargento pernambucano ficou em dúvida sobre se o contato feito do Haiti realmente tinha acontecido. O Comando Militar do Nordeste confirmava, mas o Batalhão de Infantaria negava. A dúvida foi embora quando o próprio coronel de Campinas ligou para a família.

"Eu também agradeço à imprensa pernambucana, que teve cuidado com a divulgação de informações. Graças às reportagens, os militares de Campinas perceberam a nossa aflição e correram atrás de notícias mais rápido", falou Merenice.

O sargento Vasconcelos, como Rodrigo é conhecido no meio militar, está no Haiti desde julho do ano passado. Ele trabalha no 28º Batalhão de Infantaria, com sede na cidade de Campinas, em São Paulo. O retorno dele ao Brasil estava previsto para o final do mês. Mas o Exército Brasileiro ainda não sabe quando a tropa poderá voltar ao Brasil.

SOBREVIVENTE - Outro pernambucano sobrevivente ao terremoto é Ricardo Felipe Couto de Araújo, 37 anos. Depois de deixar mensagem afirmando que estava bem na sua página do Orkut, o tenente da Polícia Militar conseguiu ligar para a mãe, Maria das Graças, na tarde dessa quarta (13). "Ele contou que tinha acabado de salvar um tenente-coronel, tirando-o embairxo dos escombros. Meu desejo era que meu filho voltasse imediatamente. Mas ele disse que agora é que o povo do haiti precisa dele e que ele só vai retornar quando a sua missão tiver cumprida", relatou. Ele viajou para o Haiti no último dia 26 de dezembro.

MORTO - O pernambucano Davi Ramos de Lima, de 37 anos, morto na terça-feira (13), em Porto Príncipe, voltaria ao Brasil no próximo sábado (16). De acordo com a família do sargento, ele estava feliz em estar servindo ao Exército e atuar numa missão de paz. "O sonho do Davi era servir o Exécito. Lá no Haiti, ele se envolvia com as pessoas, pois gostava de ajudar o próximo. Ele morreu fazendo isso", diz Ari Lima, irmão mais velho do militar. Na hora do abalo que devastou a cidade, o sargento fazia a ronda noturna com mais três companheiros, todos mortos. Ao todo, já foram confirmadas 14 mortes entre os militares do Exército Brasileiro. Ainda não se sabe quando os corpos serão transportados para o Brasil.

Davi Lima nasceu em Garanhuns, no Agreste do Estado. Ele deixa esposa e dois filhos, um de 7 anos e um bebê de 4 meses. Lima servia ao Exército há 15 anos e começou a atividade fazendo a Escola de Sargentos, em Três Corações (MG). "A gente está muito triste, mas é reconfortante saber que Davi morreu feliz, fazendo uma coisa que gostava muito e dando uma enorme contribuição para a paz de uma nação devastada pela miséria e pela guerra", considera Ari. Ainda segundo ele, assim que voltasse ao Brasil, o sargento programava fazer um passeio por São Paulo com a família.


Fonte: Do JC Online

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