quarta-feira, 17 de março de 2010

Moradores de Pernambuco acham que tremores são sinais do fim do mundo

Fenômenos também são atribuídos ao aquecimento global.
Alguns acreditam que abalos são castigos de Deus.
Sem conhecimento de informações técnicas sobre as causas dos tremores que desde o início de março atingem o interior de Pernambuco, moradores das regiões afetadas criaram várias teorias para justificar os abalos. Entre as explicações estão desde castigo divino até consequências do aquecimento global.

Considerado um discípulo do Mestre Vitalino, o artesão Elias Francisco dos Santos, de 85 anos, acredita que os tremores que sentiu em sua casa, no Bairro Alto do Moura, em Caruaru (PE), são sinais de que o fim do mundo está próximo. “Já li vários livros que contam que o planeta vai ter terremotos, nações lutando contra nações, pais matando filhos e outras barbaridades. Não é isso que estamos vendo acontecer hoje?”.

Para Santos, tudo naturalmente tem um fim. E o mundo não escapa dessa lógica. “Tudo que os livros antigos falam está acontecendo agora. Basta pararmos de pensar que somos o centro do universo e prestarmos atenção”, afirma.

Luciana Rossetto O aposentado Ramon Siqueira não pensa em sair de São Caitano, apesar dos tremores (Foto: Luciana Rossetto) Em Alagoinha (PE), cidade em que os moradores dizem sentir abalos quase diários, também vivem pessoas que acreditam no fim dos tempos.

“Nós não podemos ter medo do que Deus reservou para a gente. Temos que nos conformar, porque é uma consequência da vida”, diz a aposentada Maria da Glória Pereira, de 50 anos.

Já a aposentada Maria Tereza Cavalcante, de 60 anos, garante que as enchentes que atingiram o Nordeste no ano passado e os terremotos em Pernambuco e em vários países, como Chile e Haiti, são sinais claros de que o mundo vai acabar. “No fim, vamos ter também maremotos e furacões. Deus sabe o que está fazendo. Só não acho que o mundo vai acabar em 2012, como todo mundo está dizendo.”

Luciana Rossetto/G1 As aposentadas Severina (esq.) e Maria Tereza (dir.) vivem em Alagoinha, um dos municípios atingidos por tremores (Foto: Luciana Rossetto/G1) Amiga de Maria Tereza, a também aposentada Severina Pereira de Carvalho, de 70 anos, acredita que o fato de estar em uma igreja quando sentiu um dos tremores foi um sinal. Ela diz não saber o que esse sinal quer dizer, mas não tem dúvidas de que é importante. “Eu ouvi um barulho, mas pensei que fosse um trovão. Depois, senti a vibração dos bancos e vi as pessoas se levantando. Nessa hora, vi que era uma coisa séria”, diz.

Em São Caitano (PE), o aposentado Ramos Siqueira, de 67 anos, compartilha a opinião de que os tremores podem ter origens sobrenaturais. “Está na cara que é um castigo de Deus, porque muita gente quer ser mais importante que Ele.”

A casa em que vive com a família não teve prejuízos, mas ele descreve o temor de ver as vigas estralando e as telhas batendo. A mulher dele queria sair da cidade, mas o aposentado não pensa em deixar São Caitano. “Quando o tremor é fraco, a gente não sente. Principalmente se acontece de dia, quando estamos ocupados com outras coisas.”

Aquecimento global

Luciana Rossetto/G1 Artesã crê que aquecimento global influencia tragédias no mundo todo (Foto: Luciana Rossetto/G1) A artesã Edinalva Maria dos Santos, moradora de Alto do Moura, em Caruaru, alega que, em 43 anos de vida, nunca passou por um ano tão quente na região. “Isso é culpa do aquecimento global, que influencia as tragédias que estão acontecendo no mundo inteiro. Com certeza é a natureza cobrando do homem tudo que ele já destruiu. Estamos pagando por um erro que cometemos no passado”, afirma.

Ela reclama da falta de chuvas e do sumiço de nascentes na região. Os desaparecimentos desses riachos teriam sido causados pelo desmatamento descontrolado.

Por enquanto, nenhum tremor danificou a casa em que Edinalva vive com a família. Agora, ela planeja se acostumar com os abalos eventuais e tocar a vida.
Fonte: G1

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